Os pés, como as mãos, são táteis e tão sensíveis quanto elas. Do
ponto de vista da sexualidade, podemos dizer que o pé nu, seduz. Calçado,
intriga. Há pés brincalhões, que se divertem em amassos de glúteos, treinam
beliscões, ensaiam acrobacias sensuais, ameaçam penetrações, fazem pose, etc... Maleáveis ou flexíveis, esguios ou gordinhos, que sabem extrair o maior prazer
da parte mais extrema de seus corpos, e por isso mesmo, muitas vezes esquecida.
Podemos citar como maior exemplo da atração causada pelos pés a história de um
certo príncipe que queria de uma certa Cinderela não só a mão, mas também os
pezinhos. Procurou-os, sôfrego, de posse de um de seus sapatinhos. Sem eles,
caiu em depressão. Queria o outro pé do sapatinho, queria aqueles pezinhos...
Mandou vasculhar o reino até encontrar a dona daquele sapatinho, cujo pé nenhum
outro substituiria. Interpretado assim, este conto de fadas revela uma das mais
antigas elaborações simbólicas do desejo podofetichista.
Em algumas religiões, o cerimonial de lavar os pés significa purificação, do
corpo e do espírito. Em outras, como no cristianismo, é um ato de humildade e
resignação. No amor, desde a antiguidade, significa a preparação também do corpo
e do espírito para o ato sexual que se seguirá.
Beijar um pé, ou melhor, os dois. Este ato
é o símbolo máximo da adoração. Reverência, aquele que se curva e fica de
joelhos diante da rainha. Súdito fiel, que aos pés da dona rasteja, implora,
deseja. A língua que percorre cada curva do pé e se entrelaça com os dedinhos.
Que molha cada parte, sola, peito, calcanhar, dedos. Que leva ao máximo do
prazer.
Sudações SM